sexta-feira, 24 de maio de 2013

Sobre Querer Voltar.

A poesia se calou em mim.
Deve estar com você,
por aí.
Desde que saiu de mim.
Vejo o que não via,
a falta
que você fazia
e ainda faz.
Lembro do que eu dizia, 
sobre você querer sempre 
um pouco mais. 
E eu era pouco,
até demais.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Sou filho

Sou filho. 
Não sei se 
do pai, da mãe,
ou do mundo, do 
espírito santo, 
ou o filho de Deus, 
dono de tudo. 
Sou filho de mim, 
do que fui. 
Filho do vento,
da saudade, do
lamento.
Filho das tardes,
da calma, da cama,
da partida, das mil
verdades não ditas,
do meu pensamento,
da ira, da falta,
das noites vazias,
da poesia, sou 
filho do tempo. 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Alto-mar.


Quero que a palavra
morra em alto-mar
e que não sobre
verbo pra lembrar.
Quero no mar do
esquecimento me
afogar e que não 
sobre ar pr'eu 
respirar.
Quero tanto e 
tanto quero nada.
Nadar no meu pranto,
me perder nesse manto 
e esquecer o que tanto
me esforcei pra criar.
Quero todo o tempo
e o tempo todo
nessas águas.
Deixar morrerem
as mágoas, deixar
passarem as datas e 
ser somente mar.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Leptospirose




Que mal tem se é pra bem? Deixa o poeta falar, que eu canto também.O corpo é mesmo igual, em forma, em cor, pele, carne e coração. A alma, em constante transição, transmuta leve, lutando a cada instante pra não se deixar prender no que é bonito de se ver, mas não tem nada a dizer, é vazio, sem crer. 
E crer pode ser se enganar e dizer só por dizer, sem conhecer, sem sentir, sem se deixar tocar. Sem se tocar. Sem ser bem, nem mal, sem falar, ser igual aos que não sabem ser, sentir, pensar.  Aos dizem saber e caem, seus corpos, sós. Meu corpo são se distrai e não vê que ao redor, no mundo, tudo que é tudo é mesmo nada. E nada me faz crer que tudo ainda há de ser. E será. Será como um sonho louco, vivo, sentir os segundos cortarem o tempo que fica e que não sai da gente. Pra ser mais, pra sermos mais. Pras ideias deixarem de ser ideais e a palavra ser mais que o verbo.

Anarquistas, loucos, sonhadores e sãos.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Apre il sipario

Deixei de lado 
os trabalhos, 
os rabiscos, 
as rimas, 
as dores, 
os acordes, 
pra tentar ver 
o que tinha 
além da cortina 
que eu criei pra 
me esconder do 
mundo. E o que vi 
foram os mesmos 
trabalhos, 
rabiscos, rimas, 
dores e acordes. 
Feitos por alguém 
que é sozinho,
mas sente junto 
o tempo inteiro.

sábado, 4 de maio de 2013

Dentro das paredes: Se pensa, sofre. Se sofre, pensará.

Dentro das paredes: Se pensa, sofre. Se sofre, pensará.: Ela nasceu e vive há muito tempo incomodada na minha mente. Mente de dia e chora à noite quando deita a cabeça no travesseiro e lembra da fa...

Acabou a pizza.




Te vejo
tão só,
te amo
tão só,
me vejo
tão só,
me esqueço
tão só,
que já
não sei 
como ser
sozinho.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Girando




O tempo vira no vento
pretexto pra cantar.
O vento vira no tempo
lembrança pra variar...
a dor...
o amor...
Gira o amor, a dor,
o vento, o tempo...

Só não gira você.

Sozinho

Tá frio, só não tá bonito.
Bonito pra sonhar...
Sonhar pra esquecer o vazio...
Vazio de estar...
Sentir de longe, eu sou mais um..
Mais um no seu ninho...

Mas sou passarinho, 

um dia aprendo
a voar...
sozinho.

IV


Saber de tudo sobre tudo cansa.
Hoje eu não quero ouvir o que
você tem a falar, ouvir demais
também cansa. E eu tô cansando
de ficar o tempo todo cansada.
Tem coisas em que a gente 
perde tanto tempo e que depois
passam...Mas fazem questão de 
deixar as lembranças. Parece
até que a gente faz esforço
pra lembrar mesmo sabendo do
trabalho que deu pra "esquecer".
É que peso também machuca.
E ser leve demais às vezes
assusta.Somos pedaços de 
outros que também se cansaram,
que também passaram, que 
esqueceram, que também se
machucaram...  Isso nos torna
cópias dos mesmos. Mas e o fim?
Que fim tiveram aqueles que 
passaram por nós? Foram 
esquecidos no tempo? De tudo
aquilo que vivemos e que 
deixamos de viver, de tudo 
aquilo que fomos e que deixamos
de ser. Pedaços, lembranças.

III


Vésperas de quê?
Tudo o que fomos
e sentimos, hoje
não é mais que 
verbos passados.
Esperamos demais
de nós mesmos, 
sufocamos cada 
palavra não dita
na esperança de 
encontrarmos saída
pr'aquilo que 
fizemos de nós. 
O corpo não mais 
aguenta quando a
alma não quer 
aprender a voar.      

Antes


Põe a água pra esquentar
e senta do meu lado pra
gente ver tv.
Se é pra esquecer o que
te faz pensar, não 
pensa em esquecer.
Se é pra esquecer o que
me fez cantar, eu canto
outra vez.
Dorme enquanto a chuva 
não vem, que o resto
eu coloco no lugar.
Até lá a gente vai 
saber se é pra ir ou
ficar, se é pra ser.

Adeus às Aftas


Vou indo, longe e sozinho.
Entrego ao destino tudo 
aquilo que será de mim.
Desato os nós que nos
prendem, sem me prender
a mais nada, sem me 
prender a ti, de novo.
É que o mundo só é mundo
quando você está só.
É que eu ando cansado de 
só ouvir tua voz.

I


Minha poesia não pára.
Encontra no tempo o
caminho a seguir e 
segue sempre adiante.
Mesmo errante e às 
vezes distante, não 
teme em falar daquilo
que se foi, o que já
se viveu. Antes 
delirante, agora um 
tanto pensante, não 
temo em dizer: Sou
poeta e um dia 
deitar-me-ei em sua
estante.

Não Estou Dizendo Nada.


Eu quis me guardar, nem sei de quê.
Disse adeus antes mesmo de aparecer.
Eu quis procurar, não em você, um 
motivo pra crer que eu não tava ali
sozinho
E não puder ver o paraíso que havia 
em seu sorriso. Tão frio eu nem quis
saber.

E vai ver que amanhã já não cabe mais 
nada. Não me espere lá fora, não volte
pra ver.
E vai ver que amanhã já não cabe mais
nada, não em você...

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Os Meninos de Bicicleta, o Preço e a Coragem.

Se na vida pra tudo há um preço a pagar
Qual é o preço que se paga pra apostar?
Se os meninos da rua não se importam com
quem vai ganhar, por que a gente perde
tanto tempo a se preocupar em chegar 
sempre em primeiro lugar?
Se já faltou palavras, notas, o ar e você
tá sempre aí, no mesmo lugar, onde está
sua coragem pra buscar as mesmas palavras,
notas e o mesmo ar? 
Qual é o preço que se paga pra ver onde
sua coragem pode te levar? 

A um ausente


Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

II

Fechei o livro pra não ver o final,
mas os resquícios dessa história
permeiam em minha memória como um 
câncer que, lento, corrói até o 
último tecido de vida. Nem sei 
mais onde irei, nem com quem posso
estar. Não sei mais de ti, não de
quem eu conheci. Sei no que se 
tornou, não se parece nada com o 
que vi naquelas tardes onde seu
riso me fazia rir, desacreditar
no que diziam os outros, mas 
acreditar no que vivia. E sentia.
Sentia como se a cada minuto, 
restasse um minuto pro mundo 
acabar. E acabou. Não o mundo, mas
tudo o que eu mesmo fiz criar. As
canções não tem mais refrão, não 
tem mais alguém pra cantar. Não são
as mesmas notas, nem o mesmo solo
pra te fazer lembrar. Fechei o livro,
outra história que eu fiz terminar,
história que foi feita pra lembrar.